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15/02/2021 - 14:41 | Atualizada em 15/02/2021 - 16:10

No vermelho

Endividamento das famílias bate recorde na pandemia, aponta Banco Central

Giro Conti

O endividamento das famílias bateu recorde no ano passado em meio à pandemia de Covid-19, mostram números do Banco Central e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Em novembro do ano passado, segundo o BC, o endividamento das famílias com os bancos atingiu 51% da renda acumulada nos doze meses anteriores — novo recorde da série histórica, que tem início em janeiro de 2005. Todas as dívidas com os bancos entram no cálculo, incluindo crédito para a compra da casa própria.

Ainda segundo números do BC, o comprometimento da renda das famílias com os empréstimos bancários ficou em 20,87% em novembro do ano passado, último dado disponível. Esse percentual, porém, não é recorde da série histórica.

Estudo da Confederação do Comércio

Outro estudo, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com base nos resultados mensais da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também mostrou alta no endividamento das famílias no ano passado.

Divulgada no fim de janeiro, a análise mostra que a média de famílias endividadas em 2020 cresceu 2,8 pontos percentuais, em comparação com o ano anterior, chegando a 66,5%, que é a maior porcentagem média anual da série histórica, iniciada em 2010.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avaliou que os impactos negativos do surto de covid-19 ao longo do ano impuseram a adoção de medidas de recomposição da renda, como o benefício emergencial, e de estímulo ao crédito, como forma de manter algum nível de consumo pelos brasileiros.

"Em conjunto com a redução dos juros ao menor patamar da história e com a inflação ao consumidor controlada em níveis baixos, estas ações forneceram às famílias condições de ampliar a contratação de dívidas e renegociar as já existentes", acrescentou.

Inadimplência

Apesar da alta no endividamento das famílias em 2020, números do Banco Central e da CNC ainda não confirmam um quadro claro de aumento da inadimplência.

De acordo com o Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas com os bancos (atrasos superiores a 90 dias) terminaram o ano passado em 2,8%, abaixo dos 3,5% registrados no fim de 2019.

No relatório de estabilidade bancária, divulgado em outubro do ano passado, o BC informou que as instituições financeiras vinham controlando a inadimplência por meio de "massivas campanhas de prorrogação e renegociação de dívidas", facilitadas durante a pandemia, e, também, pela maior seletividade nas novas operações.

O estudo da CNC, porém, mostra que a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso cresceu 1,5 ponto percentual na média de 2020, alcançando 25,5%. Izis Ferreira, economista da entidade, observou que o indicador subiu até agosto, mas recuou nos meses seguintes por conta de medidas, relativas à pandemia, que ajudaram os consumidores.

Contenção de gastos

Nesse momento de alta do endividamento e possível impacto na inadimplência, o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, avaliou que, para melhorar as suas contas, as famílias, em primeiro lugar, devem encarar a realidade, mas sem entrar em desespero.

"É preciso mudar o comportamento em relação ao uso do dinheiro para construir uma vida mais sustentável financeiramente, tratar o problema na raiz, evitando assim entrar num ciclo de endividamento", avaliou. Ele recomendou algumas ações para sair do endividamento:
  • Colocar na ponta do lápis todas as dívidas que possuir, separando as que correspondem a serviços e produtos de necessidade básica, que não podem ser cortados (como água, energia elétrica, gás e aluguel) e as que sofrem juros mais altos (como cartão de crédito e cheque especial), considerando essas como prioridade para pagamento.
  • Anotar durante 30 dias todos os gastos que tiver, separando por tipo de despesa. Isso inclui gastos "pequenos", que podem até ser considerados menos importantes, como gorjetas e guloseimas, pois no final do período será possível compreender de que forma, efetivamente, seu dinheiro está sendo gasto.
  • Tenha em mente que só se deve negociar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação. Portanto, só se deve procurar um credor, quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar;
  • Trocar uma dívida pela outra nem sempre é a melhor alternativa. É claro que o crédito consignado, por exemplo, oferece juros baixos em comparação ao cartão de crédito, cheque especial e financiamentos, já que o pagamento é retido diretamente do salário. Justamente por isso é preciso cautela, já que para quem já está com dificuldade em administrar as finanças, ter sua renda habitual reduzida pode desencadear novos endividamentos e problemas ainda maiores, virando uma bola de neve;
  • Para não agravar a situação, antes de realizar qualquer compra, se faça algumas perguntas como "Eu realmente preciso desse produto?", "O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?", "Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência, baixa autoestima ou influência de terceiros?".
  • Em momentos de crise financeira, que são passageiros, é importante resgatar sonhos, objetivos que realmente importam e que farão a pessoa ter ainda mais motivos para "dar a volta por cima". É preciso relacionar no mínimo três sonhos: um de curto prazo (a ser realizado em até um ano), um de médio prazo (entre um a dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos), sendo que um deles deve ser o de sair das dívidas;
  • Com os números do diagnóstico financeiro em mãos, é possível conhecer a sua força de poupança após os cortes para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida. Mês após mês, é preciso aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente ao tipo de objetivo (prazo) e ao perfil do investidor. Caso tenha dificuldade para investir, é válido consultar um especialista.
(Com informações do portal G1)

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