Sexta-feira, 3 de Maio de 2024
1 9
:
2 8
Escute a rádio online | Cuiabá

Notícias | Geral

23/07/2021 - 15:40

Intervalo ideal de doses da vacina da Pfizer é de oito semanas, mostra estudo de Oxford

Pesquisa aponta para vantagem em redução em quatro semanas de intervalo de doses do imunizante no Brasil, que hoje é de 12 semanas

Giro Conti

Intervalo ideal de doses da vacina da Pfizer é de oito semanas, mostra estudo de Oxford

Foto: Dado Ruvic/Reuters

Por Reuters

O intervalo ideal entre as duas doses da vacina contra a Covid-19 da Pfizer é de oito semanas, mostra novo estudo da Universidade de Oxford realizado com 503 profissionais de saúde. No Brasil, o intervalo entre as doses da Pfizer é de 12 semanas, estratégia que vem sendo questionada com o avanço da variante Delta no país. A redução do intervalo de aplicação aumentaria o número de pessoas totalmente imunizadas mais rapidamente.

A pesquisa mostra, no entanto, que uma redução para quatro semanas reduz os níveis gerais de anticorpos. Os pesquisadores da Universidade de Oxford também descobriram que há uma queda acentuada nos níveis de anticorpos após a primeira injeção.

As descobertas indicam que, embora uma segunda dose seja necessária para fornecer proteção total contra a variante Delta, oito semanas, e não quatro ou doze, garantem uma imunidade mais duradoura, mesmo que ao custo de proteção de curto prazo (em comparação com o intervalo de quatro semanas). De acordo com Susanna Dunachie, a principal pesquisadora do estudo, o momento “ideal” para a segunda dose é a oitava semana. 

A bula hoje registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preconiza um intervalo entre doses, preferencialmente, de 21 dias. Segundo a Pfizer, a “segurança e eficácia da vacina não foram avaliadas em esquemas de dosagem diferentes”, mas “as indicações sobre regimes de dosagem ficam a critério das autoridades de saúde e podem incluir recomendações seguindo os princípios locais de saúde pública”.

Estudos anteriores mostraram que só com as duas doses a vacina da Pfizer tem efeito protetor significativo contra a variante Delta. Por isso o Reino Unido anunciou que passaria a vacinar seus cidadãos em intervalo de 8 semanas, e não mais 12, como no Brasil, afim de oferecer a mais pessoas proteção alta contra a Delta. O estudo de Oxford indica que a estratégia é correta.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde informou que “acompanha a evolução das diferentes variantes do SARS-CoV-2 no território nacional e está atento a possibilidade de alterações no intervalo recomendado entre doses” das vacinas Covid-19. Segundo o ministério, o tema foi discutido em reunião da Câmara Técnica Assessora em Imunizações, no dia 16 de julho, mas ficou decidido manter o intervalo orientado.

Para a professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que tem pós-doutorado em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, a adoção de um intervalo de 12 semanas no Brasil não é correta pois nunca foi respaldada cientificamente: 

— Entendo que a decisão foi tomada num cenário de escassez de vacinas, mas deveríamos ter usado o intervalo aprovado pela Anvisa (de 21 dias). Se tivéssemos evidências sobre 12 semanas, o Ministério da Saúde deveria ter enviado para a Anvisa analisar e aprovar esse outro intervalo. Fazendo do jeito que fez, mudando o intervalo a despeito da aprovação da agência regulatória, foi ruim. Quando a gente foge do que foi apontado pelo estudo clínico, está num cenário de incerteza. 

 Segundo a epidemiologista, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA foi muito crítico quando o Reino Unido resolveu adotar 12 semanas de intervalo entre as doses, depois reduzidas para oito. Ela espera que o Brasil ajuste sua estratégia. 

— A gente está sempre fazendo essas escolhas para corrigir o erro do atraso na compra de vacinas em 2020. Se tivermos um cronograma de entrega mais confiável, porque até hoje ele nunca foi cumprido, seria importante fazer essa mudança. Como o intervalo determinado pelos ensaios clínicos foi de 21 dias, tenho dúvidas sobre a eficácia da vacina até contra a Gama. Ainda mais contra a Delta.  

Proteção

O novo estudo descobriu que os níveis gerais de células T (com funções imunológicas de efetuação de respostas antivirais) eram 1,6 vez mais baixos com o intervalo de 8 semanas em comparação ao esquema curto de 3-4 semanas. Porém, houve uma proporção maior de células T "auxiliares" com o intervalo longo e são elas que dão suporte ao sistema imunológico de longo prazo. 

O estudo revelou ainda que a proteção após uma única dose é limitada. "Os níveis de anticorpos neutralizantes contra a variante Delta foram fracamente induzidos após uma única dose e não foram mantidos durante o intervalo mais longo antes da segunda dose", informaram os autores do estudo. “Mas após duas doses de vacina, os níveis de anticorpos neutralizantes eram duas vezes mais altos quando o intervalo de dosagem foi longo do que quando foi curto.”

Os autores enfatizaram que todos os esquemas de dosagens, nos mais diversos intervalos, produziram forte resposta de anticorpos e células T no estudo. Ou seja, vacinar é fundamental.

0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet