Por portal GD
“Não existe crime perfeito, mas quase existiu”, afirmou a promotora de Justiça Marcella Rodrigues da Costa Faria, durante o segundo dia de julgamento da ré Jaíra Gonçalves de Arruda, acusada de matar por envenenamento a enteada Mirella Poliane Chuê,11. O envenenamento só foi descoberto por acaso, devido à suspeita de abuso sexual que foi descartado posteriormente, por meio de exames.
A sessão de júri é presidida pela juíza Mônica Catarina Perri, com acusação da promotora Marcella Rodrigues e assistente de acusação Luciano Augusto Neves. A defesa da ré é feita pelos advogados Mustafan Mistergan e João Batista Nunes da Silva.
Durante a acusação, a promotora diz que devido à diarreia causada pelo envenenamento, a menina apresentava assadura na região genital e problemas no esfíncter anal (é um músculo localizado na parte terminal do aparelho digestivo que permite a defecação).
O médico que atestou a morte de Mirella identificou a condição da região e pediu exames para avaliar se houve abuso da criança.
Os exames feitos no Instituto Médico Legal (IML) encontraram o veneno carbofurano no sangue da menina. O envenenamento por essa substância provoca dores abdominais, náuseas, cólica, diarreia, apneia, convulsões e paralisia.
A promotora apresentou vídeo de Mirella, que mantinha canal no youtube. As imagens mostram menina alegre, comunicativa, amorosa, e ativa, diferente da paciente que chegava ao hospital sem andar, apática e sem controle sobre o corpo.
“Essa madrasta torturou a menina do dia 17 de abril até 13 de junho, sendo envenenada paulativamente”, destacou a promotora.
A representante do Ministério Público Estadual (MPE) declarou que o envenenamento se dá por pessoas próximas às vítimas e que até sair o laudo do IML, Jaíra procurou uma médica para conseguir laudo com despesas médicas. Além disso, para despistar o crime e fazer a morte parecer natural, a mulher levava a menina a hospitais diferentes.
O primeiro foi o Hospital São Mateus, quando foi diagnosticada com sinusite e depois virose. A menina era leva para hospitais diferentes. Ela foi atendida também no Hospital Santa Rosa e Clínica Femina. Ela chegou a buscar uma médica em São Paulo para conseguir laudo que atestasse alguma doença na menina. Ela nunca voltava para o mesmo hospital, afinal o médico já sabia do histórico e poderia identificar o envenenamento.
Mirella perdeu a mãe no parto e Jaíra se casou com o pai da menina quando ela tinha 2 anos.
O caso
Mirella morreu em 13 de junho de 2019. O laudo que apontou o envenenamento foi concluído em 25 de junho. Então, a madrasta passou a ser investigada e apontada como autora do homicídio por envenenamento. Ela teria dado carbofurano e veneno de rato durante 3 meses, na esperança da menina morreu no hospital, mas ela melhorava ao ser medicada.
A motivação do crime seria a herança de R$ 800 mil que a menina recebeu e que ficaria com a madrasta se ela morresse.