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09/12/2021 - 09:43

O que se sabe sobre o impacto da variante Ômicron na eficácia das vacinas

Saiba o que apontam os resultados dos principais estudos desenvolvidos até o momento

Giro Conti

Por CNN Brasil

Diante do surgimento de uma nova variante do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, o impacto para a eficácia das vacinas é uma das primeiras perguntas feitas pelos cientistas.

Para responder se os imunizantes desenvolvidos contra a Covid-19 ainda serão capazes de evitar o agravamento da doença, hospitalizações e mortes, pesquisadores se mobilizam rapidamente para a realização de estudos assim que são confirmados os primeiros casos de uma nova linhagem.

Até o momento, o que se sabe é que as vacinas são capazes de proteger o organismo dos impactos mais nocivos da infecção pela variante Ômicron.

Os estudos estão em andamento e, de forma contínua, fornecem novas informações sobre a capacidade de neutralização da resposta imunológica induzida pelas vacinas no enfrentamento da variante.

Entenda como funcionam os testes de eficácia contra uma nova variante e os principais resultados encontrados até o momento. Fabricantes da Pfizer, Coronavac e Janssen já emitiram comunicados sobre a Ômicron. A Universidade de Oxford e a AstraZeneca não disponibilizaram informações sobre estudos em andamento.

Como são feitos os testes?

O estudo da neutralização de anticorpos é um dos principais métodos utilizados para avaliar o impacto de uma variante na eficácia de uma vacina contra a Covid-19.

As análises são realizadas in vitro, termo técnico que indica os ensaios realizados em ambiente controlado de laboratório.

Nos testes, os pesquisadores verificam a capacidade que os anticorpos de pessoas vacinadas têm de neutralizar a variante Ômicron. Para medir esse impacto, eles utilizam amostras do plasma sanguíneo dos indivíduos imunizados, onde podem ser encontrados os anticorpos, e amostras do novo coronavírus ou fragmentos das principais estruturas de ligação do vírus com as células humanas, como a proteína Spike.

Os resultados identificados são comparados com a capacidade de neutralização dos anticorpos contra linhagens do vírus que circulavam no início da pandemia e não apresentam tantas mutações.

Segundo o virologista José Eduardo Levi, da Universidade de São Paulo (USP), além dos testes de laboratório, os dados clínicos também podem ajudar a esclarecer se as vacinas existentes estão perdendo a eficácia contra a variante.

Enquanto os imunizantes continuam sendo amplamente aplicados na população, os pesquisadores podem avaliar se a resposta vacinal tem sido positiva a partir de estudos observacionais.

Considerando os locais onde as vacinas têm sido disponibilizadas, os cientistas podem traçar um comparativo com o número de infecções, de hospitalizações e de mortes, com o objetivo de avaliar se as pessoas vacinadas estão entre os casos mais graves ou entre os óbitos registrados.

Pfizer é capaz de neutralizar a variante Ômicron

A vacina da Pfizer aplicada em três doses é capaz de neutralizar a variante Ômicron do novo coronavírus. Estudo mostra que uma terceira dose do imunizante aumenta os títulos de anticorpos em 25 vezes em comparação com apenas duas doses.

Em relação ao esquema de duas doses, há uma redução nos títulos de anticorpos contra a variante Ômicron – mas a vacina ainda é capaz de proteger contra o desenvolvimento de doença grave.

Segundo a Pfizer, a manutenção da proteção acontece por que a proteína Spike (utilizada pelo vírus para invadir as células humanas) ainda pode ser reconhecida pelas células de defesa, mesmo na presença de mutações da variante Ômicron.

Os anticorpos após a dose de reforço são comparáveis aos níveis de anticorpos após duas doses da vacina diante do vírus original, que estão associados a altos níveis de proteção.

A informação foi divulgada no dia 8 de dezembro pela farmacêutica. Os resultados são de um estudo inicial demonstrando que os anticorpos induzidos pela vacina neutralizam a variante Ômicron do SARS-CoV-2 após três doses.

Coronavac induz anticorpos que reconhecem a Ômicron

A terceira dose da Coronavac produz anticorpos capazes de reconhecer a variante Ômicron, de acordo com estudos conduzidos na China.

O grupo liderado pelo cientista Xiangxi Wang, pesquisador do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, realizou a análise de mais de 500 unidades de anticorpos neutralizantes obtidos após a aplicação da terceira dose da Coronavac.

“Cerca de um terço dos anticorpos apresentaram grande afinidade de ligação com a proteína Spike das cepas de preocupação, incluindo a Ômicron, que tem mais de 30 mutações”, afirmou Wang em um comunicado do Instituto Butantan.

Segundo o pesquisador, os próximos passos incluem os testes da capacidade de neutralização desses anticorpos contra o vírus, etapa que permitirá confirmar a eficácia. “Acredito que pelo menos as vacinas inativadas ainda podem funcionar e proteger contra a variante Ômicron, sem necessidade de uma atualização”, disse Wang.

A Sinovac já está desenvolvendo a atualização da Coronavac contra a variante Ômicron, que deve durar três meses. A primeira etapa envolve o isolamento do vírus a partir de amostras de pacientes de Hong Kong. Na sequência, serão iniciados os testes de anticorpos neutralizantes. O ensaio clínico é a etapa final para avaliar a eficácia do imunizante.

Vacina da Janssen: estudos em andamento

A farmacêutica Janssen informou que empresa está testando, em parceria com grupos de pesquisa da África do Sul, amostras de soro de participantes obtidas em ensaios sobre a dose de reforço. Os estudos, em andamento, têm como objetivo investigar a atividade neutralizante da vacina contra a variante Ômicron.

Além disso, a Janssen informou que atua na busca por uma vacina específica para a Ômicron, que será desenvolvida, caso necessário.

“A nova variante Ômicron destaca a importância da vigilância, testes e vacinação contínuos para prevenir hospitalizações e mortes por Covid-19. Continuamos confiantes nas respostas imunes humorais e mediadas por células produzidas pela vacina da Covid-19 da Johnson & Johnson, demonstradas pela durabilidade e amplitude da proteção contra variantes até o momento em estudos clínicos”, disse Mathai Mammen, chefe global de pesquisa e desenvolvimento da Janssen, em um comunicado.

No dia 5 de dezembro, a farmacêutica divulgou resultados de um estudo que mostraram que uma dose de reforço da Janssen, quando administrada seis meses após um regime primário de duas doses da vacina da Pfizer, aumentou tanto os anticorpos quanto a resposta imune celular, que envolve a ativação de células de defesa chamadas de linfócitos T.

De acordo com a Janssen, os resultados demonstram que a combinação entre as duas vacinas (regime heterólogo), pode trazer benefícios para a proteção do organismo. Os resultados do estudo foram publicados em artigo no formato preprint (sem revisão por pares).

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